Arquivos mensais: Abril 2011
Trabalho não Remunerado em Portugal: 53% do PIB. E esta? Hem?
Qui sont les champions du travail non rémunéré
L’OCDE vient de publier une étude internationale sur le poids économique des tâches domestiques (cuisine, ménage, bricolage, éducation de enfants..) et les différences entre les pays. Quelques chiffres à retenir.
A Roleta Russa
Como os mercados tramaram Portugal e o Governo ficou “a ver navios”
Luís Leitão
12/04/11 00:05
A ‘yield’ das obrigações do Tesouro não para de subir mas isso não significa que haja investidores a negociar dívida nacional.
Isto sucede porque, ao contrário das acções – que são transaccionadas num mercado regulamentado – como uma bolsa de valores, onde o seu preço é formado pela lei da procura e da oferta, os títulos de dívida não. De acordo com algumas estatísticas, mais de 95% das obrigações são transaccionadas fora de bolsa num mercado secundário pouco transparente, denominado de mercado ‘over the counter’ (OTC), caracterizado por conter preços de compra (‘bid’) e preços de venda (‘ask’) mas por não existir preços de fecho que oficializem a concretização de um negócio (‘last’). Na prática, significa que o preço médio dos títulos não é determinado pelos negócios concretizados mas por intenções dos compradores e vendedores. Neste sentido, é perfeitamente plausível desconfiar que, até à data, nenhum investidor comprou obrigações do Tesouro a 5 e a 10 anos acima de 8%, apesar de a Bloomberg avançar que estes títulos estão a cotar com uma ‘yield’ média de 10% e 8,7%, respectivamente.
Esta realidade é ainda mais evidente quando se olha para o diferencial de preços de compra e de venda das obrigações nacionais que, de momento, apresentam um dos ‘spreads’ mais elevados entre os vários títulos de dívida europeus.
Para se ter uma ideia do absurdo da situação, tenha-se em consideração o diferencial entre preço de compra e de venda dos bilhetes do Tesouro a 6 e 12 meses que, actualmente, é de quase 340 pontos base, quando os congéneres alemães apresentam um ‘spread’ inferior a 5 pontos base e os italianos de 2 pontos base. Isto significa que o mercado está disposto a vender bilhetes do Tesouro a 12 meses, por exemplo, a um preço médio de 95,84 (que corresponde uma ‘yield’ de 4,529%) e a comprar a um preço de 92,95 (que corresponde uma ‘yield’ de 7,921%). Uma exorbitância sem qualquer lógica. O grave da situação é que cada vez que Portugal vai ao mercado para emitir dívida, como sucedeu na quarta-feira com a realização de dois leilões de bilhetes do Tesouro a 6 e 12 meses, são estes os valores de referência dos leilões. E é neste mercado verdadeiramente nebuloso que Portugal e o IGCP, a entidade responsável pela gestão da dívida e da tesouraria do Estado, têm que movimentar-se para salvaguardar o financiamento da República.
Mas quem paga o mal dos mercados são sempre os mesmos
No mundo dos mercados financeiros não há nem bons, nem maus, nem vilões, como alguns responsáveis políticos apregoam diariamente na televisão, numa espécie de ‘remake’ da mítica película de ‘western’ de Sergio Leone, datada de 1966. Sobretudo porque, no caso do drama das contas públicas lusitanas, “só é cego quem não quer ver”, porque os mercados têm pressionado os títulos de dívida nacional nos últimos tempos. E o pior é que os danos colaterais desta política desnorteada e de todo o mal dos mercados são pagos pela parte mais fraca da equação, as famílias. Foi isso que sucedeu a 30 de Março, quando o IGCP anunciou que não haveria qualquer alteração da taxa de remuneração dos certificados do Tesouro subscritos em Abril, por considerar que “os mercados de BT e OT não estão a funcionar de modo eficiente (mercado disfuncional) ” e “que os preços no mercado das BT e OT divulgados nas plataformas electrónicas não correspondem à realização efectiva de transacções.”
Na prática, o Governo decidiu mudar as regras destes produtos de poupança desenhados em Julho para as famílias a meio do jogo, quando isso passou a ser inconveniente para os cofres do Estado, ainda que não tocando nas rendibilidades já contratadas. Porém, nada aconteceu junto dos investidores internacionais pois, até agora, ainda não houve qualquer indicação por parte dos governantes no sentido de haver lugar a uma reestruturação da dívida nacional que visasse uma de três situações: a extensão do período de pagamento da dívida, a redução ou suspensão do pagamento dos juros, ou mesmo a redenominação do valor do empréstimo – em que os credores em vez de receberem 100% do empréstimo concedido, passam a receber, por exemplo, 70%.
Trata-se assim de situação clara de “um peso, duas medidas”, um termo popular celebrado por Sócrates, não do primeiro-ministro do actual Governo em demissão mas do popular filósofo grego.
Grande Negócio
Duarte Lima adquiriu offshore usada por Oliveira Costa
Em mais uma sessão do julgamento do caso BPN, o inspector tributário Paulo Jorge Silva, que participou na investigação, voltou a explicar detalhadamente os negócios que José Oliveira Costa alegadamente fez com ele próprio, através de offshores, para obter mais valias e a liquidez necessária para realizar aumento de capital da SLN em 2000, passando a ser um dos maiores accionistas daquele grupo ligado ao BPN. O inspector das Finanças vincou que, no ano 2000, o arguido José Oliveira Costa só tinha em carteira e na sua conta 751 mil acções, mas que em Dezembro desse ano verifica-se um aumento de capital da SLN e que, através da instrumentalização de diversas offshores do grupo, vai conseguir comprar 29 milhões de acções da SLN a um euro por acção.
De acordo com a testemunha, Oliveira Costa consegue vender à EMKA 750 mil acções a 2,10 euros cada (havia comprado a um euro), sendo que na sua conta entram ainda 213 mil contos de uma transacção feita com a offshore Invesco. Segundo a testemunha, o maior negócio do ex-presidente do BPN resulta da compra das 29 milhões de acções do grupo SLN, as quais são dividadas em dois lotes: um lote de 7,250 milhões de acções que paga à cabeça e das restantes 21,750 milhões de acções só tem de pagar 30 por cento à cabeça, pois o restante só será pago volvidos seis meses. Entretanto, explicou a testemunha, Oliveira Costa vendeu as 7,250 milhões de acções à offshore Zémio, do grupo SLN, por 2,20 euros a acção, o que lhe permite lucrar cerca de oito milhões de euros.
Muitas das transacções envolvendo somas avultadas, de acordo com a testemunha, foram possíveis através da utilização da offshore Venice, que fazia operações a descoberto, num movimento contabilístico que visava escapar ao controlo das entidades supervisoras. Quanto à posterior aquisição da ofsshore EMKA ao grupo SLN por Domingos Duarte Lima, fonte ligada ao processo adiantou que o ex-dirigente do PSD terá pago cerca de 600 mil contos, explicando que com esta compra Duarte Lima passou a ser accionista da SLN SGPS através das cerca de 1,3 milhões de acções detidas pela EMKA. É através da demonstração dos artificialismos financeiros e contabilísticos alegadamente utilizados por Oliveira Costa que a acusação pretende provar a prática de crimes de burla qualificada e abuso de confiança por parte do antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do Governo de Cavaco Silva.
José Oliveira Costa está ser julgado por burla qualificada, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e aquisição ilícita de ações. Outras 14 pessoas ligadas ao universo SLN, como Luís Caprichoso, Ricardo Oliveira e José Vaz Mascarenhas, e a empresa Labicer estão também acusadas por crimes económicos graves. Desde que o Banco Português de Negócios (BPN) foi nacionalizado, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) já injectou cerca de 5 mil milhões de euros no banco fundado por Oliveira Costa, em assistências de liquidez, enquanto o ‘buraco financeiro’ deixado nesta instituição é estimado pelas autoridades em 2 mil milhões de euros. O BPN era detido pela Sociedade Lusa de Negócios até à nacionalização do banco.
publicado a 2011-04-11 às 20:31
Luz e Oxigénio
E Assim Vai a Vida…
A informação está a ser avançada pelo jornal “Expresso” que cita Artur Pereira, ex-director de campanha de Fernando Nobre.
Artur Pereira acrescenta que Nobre não queria fechar a página, mas terá acabado por ceder aos seus apoiantes mais próximos.
Desde que ontem o antigo candidato presidencial anunciou que ia liderar a lista social-democrata de deputados na capital, muitos “amigos” de Fernando Nobre nesta rede social criticaram a sua decisão.
Fernando Nobre apoiou o Bloco de Esquerda nas Europeias e António Costa nas Autárquicas. Agora vai estar com o PSD nas Legislativas por Lisboa e candidato a presidente da Assembleia da República.
Um Fósforo Aceso na Negritude da Noite
Não vale a pena reclamar contra a escuridão da noite. É da sua natureza ser escura. Mais vale acender um fósforo, do que clamar contra a negritude da noite.
Um grupo de economistas portugueses tomou a inciativa de denunciar eventuais conflitos de interesses das empresas de “rating”. É que essas empresas também são empresas, também jogam no mercado, fazem também parte integrante deste enorme casino em que se joga à roleta russa com a vida fos outros. Os accionistas dessas empresas de “rating” são também accionistas de fundos que compram dívidas soberanas um pouco por todo o mundo.
Finalmente, um primeiro fósforo foi aceso.
Podemos, então, alimentar alguma esperança: acenda-se só mais um fósforo e teremos de usar óculos de sol para enfrentar a luz nesta noite escura. Será mesmo peciso tomar cuidado para não ficarmos cegos com a clareza das coisas.
Os Ditadorzercos não me Enganam: Sempre Foram Submissos e Medíocres
Os Ditadorzercos não me Enganam: Sempre Foram Submissos e Medíocres
Economistas, políticos, etc. que defendem a suspensão da democracia, por via da
intervenção do FMI, são de facto muito pouco capazes de ter uma visão ampla dos problemas e do seu mundo. Olham para tudo com palas nos olhos.
O seu argumento, o melhor de todos, é o de que as pressões dos credores são um dado, não um problema. Por isso, não há que discutir mais sobre o assunto, mas aceitar essas pressões, porque não adianta enunciar um problema que não somos capazes de resolver.
Ainda há quem fale numa geração rasca, referindo-se à juventude formada pelas nossas escolas. Na verdade, não faz mais essa juventude do que aprender (muito bem) com estes garbosos comentadores que quotidianamente intoxicam os nossos meios de comunicação.
Alguns deles parecem-me senis, outros estão claramente num mundo em que é mais importante as contas que fazem do que a realidade. São platónicos mal amanhados, cheios de escamas e com cheiro a fora do prazo.
Alegremente saúdam o retorno à época em que os Estados, porque não eram competentes, se subordinavam aos mercados. A competência agora é assumir essa subordinação como inevitável, isto é, voltar ao século XIX e aos princípios do século XX.
Vivemos, com efeito, um momento de crise muito complexa, mas o mais preocupante é a forma como se dá insistentemente voz a pessoas sem imaginação, sem criatividade, sem vontade de olhar para a complexidade, com uma tendência mórbida para a desgraça e para o mais abjecto conformismo, renomeado de realismo ou, pior, muito pior ainda, de competência.
Valha-nos o Reitor celeste da Universidade, muito terrestre, em que alguns leccionam.
Portugal bail-out: EU aims for mid-May completion
Portugal bail-out: EU aims for mid-May completion
It will mean the deal on introducing new austerity measures will have to be made before the 5 June elections.
In an announcement at an EU finance ministers’ meeting in Hungary, Commissioner Olli Rehn said they would have to reach cross-party agreement.
He added that he expected the bail-out package to be in the magnitude of 80bn euros ($115bn; £70bn).
He also said that he was confident that Portugal could refinance its own debt until a deal could be completed.
The formal request for financial assistance was made by Portugal at 2200 CET (2000 GMT) on Thursday.
Commissioner Rehn said that the austerity measures that were defeated in the Portuguese parliament would be a starting-point for the reforms that would need to be made to secure the assistance package.
He also said that there would have to be an “ambitious privatisation programme” to reduce debt.
The BBC’s business editor Robert Peston understands that the bail-out will be made on a similar basis to that of the Irish Republic, one third of which is coming from EU funds which the UK will contribute to, one third from the eurozone and one third from the International Monetary Fund.
Also at the finance ministers’ meeting, Spain’s finance minister has continued to stress that her country will not need bailing out.
Elena Salgado said that “of course” Portugal would be the last eurozone country that needed a debt bail-out and added that Spain applying for one was out of the question.
An early step in the negotiations on a bail-out will be for the European Commission, the European Central Bank (ECB) and the International Monetary Fund (IMF) to send a joint mission to Portugal.
EU rules require such a mission to be sent to a country asking for financial aid, to establish the details of the help needed.
Portugal’s cost of borrowing has risen sharply since the minority socialist government resigned last month after its proposed tougher austerity measures were defeated in parliament.
Portugal’s problems have been different from those of Greece and the Irish Republic, the other countries that have needed bailing out.
Weak economic growth and low productivity have meant that the country has struggled to raise enough money through taxation to pay for government spending.
When the banking crisis came, it found itself dealing with the same rising costs of debt that other countries had to deal with, and has finally had to concede that it cannot raise the money it needs through financial markets.
The Republic of Ireland on the other hand, had a much more severe banking crisis, largely as a result of a property bubble that burst.
Greece went on a debt-fuelled spending spree while failing to sort out the public finances to fund it.
Ciclo de Conferências "coisas e causas públicas" – 6ª sessão "Os media e a comunicação política na sociedade digital"
Ciclo de Conferências – coisas e causas públicas
6ª sessão – 13 de Abril 2011 | 18h00
Sala do Departamento de Filosofia | FLUP
O Grupo de Investigação Philosophy and Public Space do Instituto de Filosofia da FLUP tem o prazer de convidar V. Exa. para a 6ª Sessão do Ciclo de Conferências "coisas e causas públicas", que contará com a palestra intitulada “Os media e a comunicação política na sociedade digital”, proferida pelo Prof. Doutor Rui Novais (Faculdade de Letras da Universidade do Porto).
A sessão decorrerá no dia 13 de Abril de 2011, pelas 18h00, na Sala do Departamento de Filosofia (Torre B – Piso 1), na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
[Entrada livre]
Com os melhores cumprimentos,
Paula Cristina Pereira
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Instituto de Filosofia
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E-mail: ifilosofia2@letras.up.pt
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