Titres du jour : Le texte sur le travail du dimanche adopté – Martine Aubry (PS) justifie sa lettre à Valls – La grippe A et les assurances

 

Le Parlement vote, de justesse, le texte sur le travail dominical

Par seulement six voix d’avance, le Sénat a adopté, en pleine nuit, la proposition de loi UMP sur l’extension du travail le dimanche, chère à Nicolas Sarkozy.


Grippe A : un risque que les assureurs ne veulent déjà plus couvrir

Pour les compagnies d’assurances, la grippe A n’est plus un risque aléatoire, il est certain. Depuis le printemps, les professionnels du secteur tentent d’exclure cette garantie.

La mésaventure d’un professeur noir ravive la question raciale aux Etats-Unis

Henry Louis Gates Jr, professeur à Harvard, a été arrêté devant son domicile par la police alors qu’il tentait d’ouvrir sa porte d’entrée.

Licenciements : pourquoi les SKF commencent à se radicaliser

A l’usine SKF de Fontenay-le-Comte (Vendée), dont la fermeture va laisser 380 salariés sur le carreau, le mouvement de lutte se durcit progressivement.

Du tennis dans ses rapports avec la folie

Pierre Assouline, sur son blog, fait la critique de "Jeu, set et match", premier roman de Jean-Pierre Brouillaud dont le héros est fan de l’ex-tennisman Guillermo Vilas.

ET AUSSI

Martine Aubry : "J’ai joué mon rôle de premier secrétaire"

Alcatel confirme la suppression de 850 postes

Le vice-président américain pour une Géorgie "sûre, démocratique, unifiée"

Volkswagen prévoit de racheter les activités automobiles de Porsche

L’Afrique du Sud craint une immigration déguisée à l’occasion de la Coupe du monde

New Fabris : maintien de l’ultimatum, mais sans les bouteilles de gaz

Un militaire suspendu après l’incendie de Marseille

Football : jugé pour violences, Steven Gerrard joue la "légitime défense"

Opinions

Edito du Monde Epinglés par l’UE

Point de vue Une inquiétante leçon du procès Fofana, par Jean-René Farthouat

Analyse La nouvelle stratégie médiatique de la Chine, par Bruno Philip

CÓDIGO DA ESTRADA – ALTERAÇÕES A PARTIR DE 1 DE JULHO

ENTRAM EM VIGOR EM JULHO!

MUITO IMPORTANTE

As alterações ao código da estrada abaixo identificadas entraram em vigor. Por isso, a partir deste fim-de-semana, há que parar em todos os STOP, nada de andar de trotinete em cima dos passeios, e retirar a placa de ‘procuro novo dono’ do automóvel. Atenção ao pagamento imediato das coimas (bem como das atrasadas).

VELOCIDADE

Sempre que exista grande intensidade de trânsito, o condutor deve circular com velocidade especialmente moderada. Caso não o faça cometerá uma contra-ordenação grave. ( Art.ºs 25.º e 145.º )

  • A velocidade mínima nas auto-estradas passa de 40 para 50 km/h . (Art.º 27.º )
  • A sanção pelo excesso de velocidade é agravada e distinta quando ocorra dentro ou fora da localidade.
  • Assim:

Automóveis ligeiros, motociclos

Excesso de velocidade

Coima

Contra-Ordenação

Dentro
das
Localidades

Até 20 km/h

60 a 300 euros

Leve

20 a 40 km/h

120 a 600 euros

Grave

40 a 60 km/h

300 a 1.500 euros

Muito Grave

Mais de 60 km/h

500 a 2.500 euros

Muito Grave

Fora
das
Localidades

Até 30 km/h

60 a 300 euros

Leve

30 a 60 km/h

120 a 600 euros

Grave

60 a 80 km/h

300 a 1.500 euros

Muito Grave

Mais de 80 km/h

500 a 2.500 euros

Muito Grave

Automóveis pesados

Excesso de velocidade

Coima

Contra-Ordenação

Dentro
das

Localidades

Até 10 km/h

60 a 300 euros

Leve

10 a 20 km/h

120 a 600 euros

Grave

20 a 40 km/h

300 a 1.500 euros

Muito Grave

Mais de 40 km/h

500 a 2.500 euros

Muito Grave

Fora
das
Localidades

Até 20 km/h

60 a 300 euros

Leve

20 a 40 km/h

120 a 600 euros

Grave

40 a 60 km/h

300 a 1.500 euros

Muito Grave

Mais de 60 km/h

500 a 2.500 euros

Muito Gra


PLACAS COLOCADAS NO EIXO DA FAIXA DE RODAGEM

  • Para efeitos de mudança de direcção deixa de existir o conceito de placa de forma triangular. Assim, qualquer placa situada no eixo da faixa de rodagem deve ser contornada pela direita. Contudo, se estas se encontrarem numa via de sentido único, ou na parte da faixa de rodagem afecta a um só sentido, podem ser contornadas pela esquerda ou pela direita, conforme for mais conveniente. ( Art.º 16.º )


ROTUNDAS

  • Nas rotundas, situadas dentro ou fora das localidades, o condutor deve escolher a via de trânsito mais conveniente ao seu destino. ( Art.º 14.º )
  • Os condutores de veículos a motor que pretendam entrar numa rotunda passam a ter de ceder a passagem aos condutores de velocípedes, de veículos de tracção animal e de animais que nela circulem. ( Art.ºs 31.º e 32.º )
  • Os condutores que circulam nas rotundas deixam de estar obrigados a ceder passagem aos eléctricos que nelas pretendam entrar. ( Art.º 32.º )
  • Passa a ser proibido parar ou estacionar menos de 5 metros , para um e outro lado, das rotundas e no interior das mesmas. ( Art.º 49.º )

ULTRAPASSAGEM

  • A ultrapassagem de veículo pelo lado direito passa a ser sancionada com coima de 250 a 1.250 euros. ( Art.º 36.º )

PARAGEM E ESTACIONAMENTO

  • Passa a ser proibido parar e estacionar a menos de 25 metros antes e 5 metros depois dos sinais de paragem dos veículos de transporte colectivo de passageiros – autocarros. ( Art.º 49.º )
  • Passa a ser proibido parar e estacionar a menos de 6 metros antes dos sinais de paragem dos veículos de transporte colectivo de passageiros que circulem sobre carris – eléctricos. ( Art.º 49.º )
  • O estacionamento de veículos ostentando qualquer informação com vista à sua transacção (ex: vende-se, procuro novo dono, n.º de telemóvel, entre outros), é proibido e considerado abusivo, pelo que este será rebocado. ( Art.ºs 50.º e 163.º )
  • A paragem e o estacionamento nas passagens assinaladas para a travessia de peões (passadeiras) passa a ser considerado contra-ordenação grave. ( Art.º 145.º )

TRANSPORTE DE CRIANÇAS

  • As crianças com menos de 12 anos de idade e menos de 150 cm de altura devem ser transportadas sempre no banco de trás e são obrigadas a utilizar sistemas de retenção adequados ao seu tamanho e peso – cadeirinhas. ( Art.º 55.º )
  • É permitido o transporte de crianças com menos de 3 anos no banco da frente desde que se utilize sistema de retenção virado para a retaguarda e o airbag do lado do passageiro se encontre desactivado. ( Art.º 55.º )
  • Nos automóveis que não estejam equipados com cintos de segurança é proibido o transporte de crianças com menos de 3 anos. ( Art.º 55.º )
  • A infracção a qualquer das disposições referidas nos pontos anteriores é sancionada com coima de 120 a 600 euros por cada criança transportada indevidamente. ( Art.º 55.º )
  • O transporte de menores ou ininputáveis sem cinto de segurança passa a ser considerado contra-ordenação grave. ( Art.º 145.º )

ARREMESSO DE OBJECTOS PARA O EXTERIOR DO VEÍCULO

  • O arremesso de qualquer objecto para o exterior do veículo passa a ser sancionado com coima de 60 a 300 euros. ( Art.º 79.º ) – Atenção às beatas, charutos e outros cigarros que devem ser apagados nos respectivos cinzeiros dos carros

TROTINETAS COM MOTOR

  • Os condutores de trotinetas com motor, um brinquedo que hoje se adquire em qualquer supermercado, têm de usar capacete devidamente ajustado e apertado. ( Art.º 82.º )
  • O trânsito destes veículos não é equiparado ao trânsito de peões, pelo que não podem circular nos passeios. ( Art.º 104.º )
  • Para as restantes disposições do Código da Estrada, estes veículos são equiparados a velocípedes. (Art.º 112.º )

USO DE TELEMÓVEL DURANTE A CONDUÇÃO

  • A utilização de telemóvel durante a condução, só é permitida se for utilizado auricular ou sistema alta voz que não implique manuseamento continuado. A infracção a esta disposição é sancionada com coima de 120 a 600 euros e passa a ser considerada contra-ordenação grave. ( Art.ºs 84.º e 145.º )


TRIÂNGULO DE PRÉ-SINALIZAÇÃO E COLETE RETRORREFLECTOR

  • Passa a ser obrigatório colocar o triângulo de pré-sinalização de perigo (a pelo menos 30 metros do veículo, de forma a ser visível a, pelo menos, 100 metros ) sempre que o veículo fique imobilizado na faixa de rodagem ou na berma ou nestas tenha deixado cair carga. ( Art.º 88.º )
  • Todos os veículos a motor (excepto os de 2 ou 3 rodas, os motocultivadores e os quadriciclos sem caixa) têm de estar equipados com um colecte retrorreflector, de modelo aprovado. ( Art.º 88.º )
  • Nas situações em que é obrigatório o uso do sinal de pré-sinalização de perigo, quem proceder à sua colocação, à reparação do veículo ou à remoção da carga deve utilizar colete retrorreflector. A não utilização do colete é sancionada com coima de 120 a 600 euros. ( Art.º 88.º )

OUTRAS ALTERAÇÕES

  • Não parar perante o sinal de STOP, ou perante a luz vermelha de regulação do trânsito ou o desrespeito da obrigação de parar imposta pelos agentes fiscalizadores ou reguladores do trânsito, passa a ser considerada contra-ordenação muito grave. ( Art.º 146.º )
  • Pisar ou transpor uma linha longitudinal contínua que separa os sentidos de trânsito passa a ser considerada contra-ordenação muito grave. ( Art.º 146.º )
  • A condução sob influência do álcool, considerada em relatório médico, passa a ser considerada contra-ordenação muito grave. ( Art.º 146.º )

CLASSIFICAÇÃO DE VEÍCULOS

  • Passa a haver as categorias de triciclos e de velocípedes com motor. Para efeitos de circulação, os velocípedes com motor são equiparados a velocípedes. ( Art.ºs 107.º e 112.º )
  • Os quadriciclos passam a ser distinguidos entre ligeiros e pesados. A condução destes veículos passa a ficar dependente da titularidade de carta de condução. ( Art.º.s 107.º e 123.º )

TRANSFORMAÇÃO DE VEÍCULOS (TUNING)

  • É proibido o trânsito de veículos sem os sistemas, componentes ou acessórios com que foi aprovado, que utilize sistemas, componentes ou acessórios não aprovados, que tenha sido objecto de transformação não aprovada. As autoridades de fiscalização do trânsito, ou seus agentes, podem proceder à apreensão do veículo até que este seja aprovado em inspecção extraordinária, sendo o proprietário sancionado com coima de 250 a 1.250 euros. (Art.ºs 114.º, 115.º e 162.º )

INSPECÇÕES

  • Passam a realizar-se inspecções para verificação das características após acidente e inspecções na via pública para verificação das condições de manutenção. ( Art.º 116.º

REGIME PROBATÓRIO DA CARTA DE CONDUÇÃO

  • A carta de condução, emitida a favor de quem não se encontrava habilitado, passa a ser provisória pelo período de três anos. ( Art.º 122.º )
  • Acresce que os titulares de carta de condução das subcategorias A1 e/ou B1 voltam a estar sujeitos ao regime probatório quando obtiverem as categorias A e/ou B. Ou seja, nestas situações, a carta de condução é provisória duas vezes. ( Art.º 122.º )
  • A carta de condução provisória caduca se o seu titular for condenado pela prática de um crime rodoviário, de uma contra-ordenação muito grave ou de duas contra-ordenações graves. ( Art.º 130.º )
  • Os veículos conduzidos por titulares de carta de condução provisória têm de ostentar à retaguarda um dístico (‘ovo estrelado’) de modelo a definir em regulamento. ( Art.º 122.º )

SUBCATEGORIAS DE VEÍCULOS

  • São criadas as subcategorias B1, C1, C1+E, D1 e D1+E. Trata-se de veículos da mesma espécie, mas de dimensões mais reduzidas. ( Art.º 123.º )
  • Não existe precedência de habilitações, ou seja, não é necessário estar habilitado para a subcategoria C1 para obter a categoria C.

REQUISITOS PARA OBTENÇÃO DE CARTA DE CONDUÇÃO

  • Aos candidatos a condutores passa a ser exigido que saibam ler e escrever. (Art.º 126.º)

NOVOS EXAMES

  • Os condutores detectados a circularem em contramão nas auto-estradas ou vias equiparadas, bem como aqueles que sejam considerados dependentes de álcool ou drogas, serão submetidos a novos exames – médicos, psicológicos ou de condução. (Art.º 129.º )

SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL

  • A circulação de veículo sem seguro de responsabilidade civil passa a ser sancionada com coima de 500 a 2.500 euros e a ser considerada contra-ordenação grave (aplicada ao proprietário do veículo). O veículo é apreendido pelas autoridades de fiscalização do trânsito ou seus agentes. ( Art.ºs 145.º, 150.º e 162.º )


PAGAMENTO VOLUNTÁRIO DA COIMA

  • O pagamento voluntário da coima passa a ser efectuado no acto da verificação da contra-ordenação, ou seja, o condutor terá de pagar a coima (pelo valor mínimo) ao agente que detecta a infracção e levanta o auto. ( Art.º 173.º )
  • Se o condutor não pretender efectuar o pagamento voluntário imediato da coima, deve prestar depósito, também imediatamente, de valor igual ao mínimo da coima prevista para a contra-ordenação praticada. Esse valor será devolvido se não houver lugar a condenação. ( Art.º 173.º )
  • Se o infractor não pagar a coima no momento, ou se não efectuar o depósito referido, o agente de autoridade apreende o título de condução, ou os títulos de identificação do veículo e de registo de propriedade, e emite uma guia de substituição, válida pelo tempo julgado necessário, e renovável até à conclusão do processo. Quando efectuar o pagamento, os documentos serão devolvidos ao condutor.

Esclarecimento da Ex-DGV:
Tendo em conta as disposições aplicáveis do Código da Estrada, na redacção que lhe foi conferida pelo Decreto-Lei nº 44/2005, de 23 de Fevereiro, constantes dos artºs 13º, nº 1; 14º, nºs 1 a 3; 15º, nº 1; 16º, nº 1; 21º; 25º; 31º, nº 1, c) e 43º e as definições referidas no artº 1º do mesmo Código, na circulação em rotundas os condutores devem adoptar o seguinte comportamento:
1- O condutor que pretende tomar a primeira saída da rotunda deve:

  • Ocupar, dentro da rotunda, a via da direita, sinalizando antecipadamente quando pretende sair.

2 – Se pretender tomar qualquer das outras saídas deve:

  • Ocupar, dentro da rotunda, a via de trânsito mais adequada em função da saída que vai utilizar (2ª saída = 2ª via; 3ª saída= 3ª via);
  • Aproximar-se progressivamente da via da direita;
  • Fazer sinal para a direita depois de passar a saída imediatamente anterior à que pretende uitilizar;
  • Mudar para a via de trânsito da direita antes da saída, sinalizando antecipadamente quando for sair.

Les processus psychiques – SUMÁRIO

 

.

Les processus

psychiques

Par Steve Abadie-Rosier
Psychanalyste – Psychothérapeute – Sexologue
Auteur en Médecine Scientifiques et Psychopathologie
Paris – France
Voir ma page Psycho-Ressources

Éditions: Les Neurones Moteurs
France

Les processus psychiques
Auteur: Steve Abadie-Rosier – Éditions: Les Neurones Moteurs – Paris, France

ISBN: 978-2-918398-00-4 – PRIX DE VENTE: 15 €
Frais de port: 4 € en France et 6 € dans les autres pays de l ‘Union européenne et en Suisse. 7,50 € pour le reste du monde (Canada, USA, DOM-TOM, etc.).
Pour commander: commandes@neurones-moteurs.com

SOMMAIRE

Refoulement, sublimation, projection, actes manqués… : les processus psychiques sont le soubassement de l’être, et le garant de sa stabilité. Ils permettent à chaque individu de rester en harmonie avec la société.
L’omniprésence du « développement personnel », la relative banalisation de la psychanalyse et des psychothérapies, la recrudescence des maladies psychosomatiques (stress, ulcère, asthme, etc.) placent les processus psychiques au centre de la clinique et même, de la vie quotidienne.
Dans un autre domaine, le retour en vogue de la psychiatrie asilaire et sécuritaire, la surprescription de médicaments psychotropes et l’enfermement dans une « camisole chimique » à laquelle elle conduit, les dysfonctionnements aberrants de la psychiatrie carcérale questionnent sur la place laissée à la liberté de l’individu et plaident pour une plus large utilisation des psychothérapies, notamment de la psychanalyse, donc pour une meilleure compréhension des processus psychiques.
Cet ouvrage constitue une introduction à l’étude des processus psychiques, notamment lorsqu’ils sont à l’œuvre au cours d’une psychanalyse personnelle). Les professionnels y retrouveront le condensé de leur formation ; le grand public averti, les candidats à une psychanalyse et les étudiants, des points de repère pour orienter leur questionnement.


EXTRAIT

Introduction

Le processus psychanalytique est une suite de phénomènes. Cette définition brute et froide heurtera peut-être plusieurs de mes confrères bien-pensants, déroutés par la faculté qu’ont certains patients de très facilement analyser, après un travail approfondi sur eux-mêmes, leurs propres processus analytiques pour ensuite tenter de se libérer de leur cure, vers un champ des possibles personnels, un soulagement où la tension psychologique (lieu de création névrotique) serait comme apaisée, unifiée et limpide.

J’ai toujours pris le parti de faire cavalier seul dans le petit monde de la « psy ». Trop souvent, je reçois des patients anéantis par des thérapies longues, où le mutisme du thérapeute n’a fait qu’amplifier le mal-être latent de ces personnalités en quête de vérité sur leurs modes de fonctionnement, de résistance et de défense. Trop souvent, je reçois des hommes et femmes perdus confrontés au silence persistant (j’allais dire à l’absentéisme) de leur thérapeute : nous parlons entre « psys » de neutralité bienveillante et d’écoute flottante — bien plus que cela, je dirais de l’incompétence. Les psychanalystes, qu’ils se qualifient de cliniciens ou de didacticiens se doivent de connaître leurs propres limites, et de ne pas poursuivre une analyse lorsque l’analysant touche aux limites de son être ; or, par confort et habitude, le sujet est trop fréquemment maintenu dans un rapport de dépendance face au praticien. Je me suis toujours insurgé face à ce comportement dogmatique, qui déstructure et déprogramme le travail analytique.
Cet ouvrage, que je veux synthétique et résolument didactique, dresse le portrait de tous les processus humains, des mécanismes aux résistances, en passant par la relation d’amour et les voies de l’allégement de la conscience.
Depuis mes débuts de clinicien, je suis surpris de voir la psychanalyse intégrée dans les cursus soit de psychologie clinique soit de psychiatrie, alors que la psychanalyse est bel et bien la discipline reine du carré « psy » (qui recouvre les quatre métiers de la psyché : psychanalyste, psychiatre, psychologue et psychothérapeute). En fait, la psychiatrie ou la psychologie ne sont que la formation principale et première de l’analyste, auquel il reste à parcourir un chemin de vie, une longue histoire d’amour avec soi, pour soi, afin de mieux comprendre les rouages de l’Autre… Et quelle démarche ! Se décortiquer, jusqu’aux pleurs, jusqu’à l’angoisse de mort ou d’abandon, constitue un rite de passage, une initiation dans ce face-à-face inlassablement neutre, dans cette position figée et mythique — le « psychanalyste » et l’analysant.

Mais point de pouvoir dans cette recherche de la découverte ! Au contraire, elle devrait induire une égalité du dire, une égalité de l’écoute, pour aller plus loin et dépasser ses propres défenses. L’analyse permet de transcender le réel, pour que le principe de vie, cette pulsion élémentaire, ne consiste plus uniquement à accepter une société figée par les contingences sociales et privant l’individu de sa liberté. Jamais je n’ai rencontré pareille pulsion de vie qu’au sein de mon cabinet, chez ces hommes et ces femmes qui s’enchaînent sur mon divan, qui se violentent, se tordent, se déchirent, s’étripent pour trouver, pour dévoiler… pour tout simplement exister !

Cet ouvrage pose les fondements de la clinique. Mes confrères y retrouveront de façon synthétique le condensé de notre formation, les néophytes des points de repère pour orienter leur questionnement face à ce qu’ils vivent, et pourquoi, dans une logique de répétition, l’être humain ne fait qu’alimenter sa destructivité.
Le dépassement de la clinique est pour moi un facteur essentiel. En effet, ne percevoir l’analysant/souffrant que sous l’angle de la pathologie névrotique ou border line limite les prises en charge thérapeutiques, de plus en plus performantes — citons notamment les techniques de modification de la conscience, qui peuvent être utilisées conjointement aux thérapies analytiques (cadre et cure type).

La boîte à outils du praticien de la nouvelle génération doit impérativement comporter une analyse longue et didactique, mais surtout une formation à toutes les autres pratiques du champ « psy » pour ne pas se voir dépassé ou repoussé aux confins de ses propres limites — et verser par extension dans celles du patient.
Pourquoi avoir tant travaillé sur les processus psychanalytiques ? La réponse tient en un mot : aliénation. Et pour cause : tous ces process sont communs à chacun d’entre nous, sans exception. Rouages de l’infantile, ils s’imbriquent dans notre vie d’adulte dure, lacunaire et constitutive.

Les dérives asilaires auxquelles la psychiatrie publique semble céder à nouveau, la camisole chimique où l’on enferme le sujet dans son pathos jusqu’à en déclencher d’autres troubles majeurs, le fonctionnement inadmissible de la psychiatrie carcérale où j’ai fait mes premières armes, interrogent immanquablement l’esprit curieux : qu’en est-il de la liberté du sujet ? La psychanalyse, au même titre que la philosophie, ambitionne de dévoiler l’essentiel, inaperçu. Souvent, mes analysants me demandent si la psychanalyse, discipline qui effraie et dérange — puisqu’elle dévoile — est dangereuse. Cette question légitime me fait intérieurement sourire. En effet, l’analyse confronte au risque de vivre. Elle peut temporairement déstabiliser le sujet, avec de possibles répercussions dans son couple, dans sa vie sociale et professionnelle, dans sa santé mentale et physique.

Pour réussir, une psychanalyse exige de l’analyste compétence, discernement, prudence et éthique ; du consultant, elle requiert un engagement sincère. Si ces conditions ne sont pas réunies, la cure analytique est le plus souvent inopérante, voire aggravante : il y a risque de leurre et d’imposture avec la constitution possible d’un faux « moi » illusoire, un renforcement éventuel de la pathologie ou une cristallisation des résistances psychiques.
Les processus psychanalytiques sont le fondement de l’être, et le garant de sa stabilité. Ils participent à notre maintien dans la société, et augmentent la « censure » sociale afin que chacun d’entre nous reste en harmonie avec le monde extérieur. Il est alors possible d’entreprendre la démarche de consulter et d’entamer le long chemin de l’analyse personnelle — pour construire une réponse à une interrogation en apparence simple : « Quel homme veux-tu être ? ». Petite question du « psy » au lecteur….

Steve Abadie-Rosier


TABLE DES MATIÈRES

Introduction

I. Les mécanismes de défense

  • Les mécanismes pulsionnels

  • Les mécanismes d’orientation de l’objet

  • Les mécanismes de travestissement de la réalité

  • Les mécanismes d’orientation du moi

  • L’abréaction

II. Les résistances en analyse

  • La technique et la règle

  • Les aspects théoriques de la cure

  • Les résistances en analyse
    – La mise en place du mécanisme de transfert
    – Les sources de la résistance
    – Les manifestations des résistances
    – La réaction de l’analyste face aux résistances

  • La résistance au changement

  • Un exemple d’observation par Ferenczi

III. L’amour dans le transfert

  • Dans la cure psychanalytique

  • Dans la vie amoureuse quotidienne

  • Le « coup de foudre »

IV. Les voies d’allègement de l’inconscient — Le rêve, le lapsus, l’acte manqué

  • Le rêve
    – La structure de la pensée du rêve
    – La dynamique du rêve au prisme de la théorie freudienne
    – Le rêve d’angoisse

  • Les actes manqués

  • Les lapsus

Les processus psychiques – SUMÁRIO

.
Les processus

psychiques

Par Steve Abadie-Rosier
Psychanalyste – Psychothérapeute – Sexologue
Auteur en Médecine Scientifiques et Psychopathologie
Paris – France
Voir ma page Psycho-Ressources

Éditions: Les Neurones Moteurs
France


Les processus psychiques
Auteur: Steve Abadie-Rosier – Éditions: Les Neurones Moteurs – Paris, France

ISBN: 978-2-918398-00-4 – PRIX DE VENTE: 15 €
Frais de port: 4 € en France et 6 € dans les autres pays de l ‘Union européenne et en Suisse. 7,50 € pour le reste du monde (Canada, USA, DOM-TOM, etc.).
Pour commander: commandes@neurones-moteurs.com

SOMMAIRE

Refoulement, sublimation, projection, actes manqués… : les processus psychiques sont le soubassement de l’être, et le garant de sa stabilité. Ils permettent à chaque individu de rester en harmonie avec la société.
L’omniprésence du « développement personnel », la relative banalisation de la psychanalyse et des psychothérapies, la recrudescence des maladies psychosomatiques (stress, ulcère, asthme, etc.) placent les processus psychiques au centre de la clinique et même, de la vie quotidienne.
Dans un autre domaine, le retour en vogue de la psychiatrie asilaire et sécuritaire, la surprescription de médicaments psychotropes et l’enfermement dans une « camisole chimique » à laquelle elle conduit, les dysfonctionnements aberrants de la psychiatrie carcérale questionnent sur la place laissée à la liberté de l’individu et plaident pour une plus large utilisation des psychothérapies, notamment de la psychanalyse, donc pour une meilleure compréhension des processus psychiques.
Cet ouvrage constitue une introduction à l’étude des processus psychiques, notamment lorsqu’ils sont à l’œuvre au cours d’une psychanalyse personnelle). Les professionnels y retrouveront le condensé de leur formation ; le grand public averti, les candidats à une psychanalyse et les étudiants, des points de repère pour orienter leur questionnement.


EXTRAIT

Introduction

Le processus psychanalytique est une suite de phénomènes. Cette définition brute et froide heurtera peut-être plusieurs de mes confrères bien-pensants, déroutés par la faculté qu’ont certains patients de très facilement analyser, après un travail approfondi sur eux-mêmes, leurs propres processus analytiques pour ensuite tenter de se libérer de leur cure, vers un champ des possibles personnels, un soulagement où la tension psychologique (lieu de création névrotique) serait comme apaisée, unifiée et limpide.

J’ai toujours pris le parti de faire cavalier seul dans le petit monde de la « psy ». Trop souvent, je reçois des patients anéantis par des thérapies longues, où le mutisme du thérapeute n’a fait qu’amplifier le mal-être latent de ces personnalités en quête de vérité sur leurs modes de fonctionnement, de résistance et de défense. Trop souvent, je reçois des hommes et femmes perdus confrontés au silence persistant (j’allais dire à l’absentéisme) de leur thérapeute : nous parlons entre « psys » de neutralité bienveillante et d’écoute flottante — bien plus que cela, je dirais de l’incompétence. Les psychanalystes, qu’ils se qualifient de cliniciens ou de didacticiens se doivent de connaître leurs propres limites, et de ne pas poursuivre une analyse lorsque l’analysant touche aux limites de son être ; or, par confort et habitude, le sujet est trop fréquemment maintenu dans un rapport de dépendance face au praticien. Je me suis toujours insurgé face à ce comportement dogmatique, qui déstructure et déprogramme le travail analytique.
Cet ouvrage, que je veux synthétique et résolument didactique, dresse le portrait de tous les processus humains, des mécanismes aux résistances, en passant par la relation d’amour et les voies de l’allégement de la conscience.
Depuis mes débuts de clinicien, je suis surpris de voir la psychanalyse intégrée dans les cursus soit de psychologie clinique soit de psychiatrie, alors que la psychanalyse est bel et bien la discipline reine du carré « psy » (qui recouvre les quatre métiers de la psyché : psychanalyste, psychiatre, psychologue et psychothérapeute). En fait, la psychiatrie ou la psychologie ne sont que la formation principale et première de l’analyste, auquel il reste à parcourir un chemin de vie, une longue histoire d’amour avec soi, pour soi, afin de mieux comprendre les rouages de l’Autre… Et quelle démarche ! Se décortiquer, jusqu’aux pleurs, jusqu’à l’angoisse de mort ou d’abandon, constitue un rite de passage, une initiation dans ce face-à-face inlassablement neutre, dans cette position figée et mythique — le « psychanalyste » et l’analysant.

Mais point de pouvoir dans cette recherche de la découverte ! Au contraire, elle devrait induire une égalité du dire, une égalité de l’écoute, pour aller plus loin et dépasser ses propres défenses. L’analyse permet de transcender le réel, pour que le principe de vie, cette pulsion élémentaire, ne consiste plus uniquement à accepter une société figée par les contingences sociales et privant l’individu de sa liberté. Jamais je n’ai rencontré pareille pulsion de vie qu’au sein de mon cabinet, chez ces hommes et ces femmes qui s’enchaînent sur mon divan, qui se violentent, se tordent, se déchirent, s’étripent pour trouver, pour dévoiler… pour tout simplement exister !

Cet ouvrage pose les fondements de la clinique. Mes confrères y retrouveront de façon synthétique le condensé de notre formation, les néophytes des points de repère pour orienter leur questionnement face à ce qu’ils vivent, et pourquoi, dans une logique de répétition, l’être humain ne fait qu’alimenter sa destructivité.
Le dépassement de la clinique est pour moi un facteur essentiel. En effet, ne percevoir l’analysant/souffrant que sous l’angle de la pathologie névrotique ou border line limite les prises en charge thérapeutiques, de plus en plus performantes — citons notamment les techniques de modification de la conscience, qui peuvent être utilisées conjointement aux thérapies analytiques (cadre et cure type).

La boîte à outils du praticien de la nouvelle génération doit impérativement comporter une analyse longue et didactique, mais surtout une formation à toutes les autres pratiques du champ « psy » pour ne pas se voir dépassé ou repoussé aux confins de ses propres limites — et verser par extension dans celles du patient.
Pourquoi avoir tant travaillé sur les processus psychanalytiques ? La réponse tient en un mot : aliénation. Et pour cause : tous ces process sont communs à chacun d’entre nous, sans exception. Rouages de l’infantile, ils s’imbriquent dans notre vie d’adulte dure, lacunaire et constitutive.

Les dérives asilaires auxquelles la psychiatrie publique semble céder à nouveau, la camisole chimique où l’on enferme le sujet dans son pathos jusqu’à en déclencher d’autres troubles majeurs, le fonctionnement inadmissible de la psychiatrie carcérale où j’ai fait mes premières armes, interrogent immanquablement l’esprit curieux : qu’en est-il de la liberté du sujet ? La psychanalyse, au même titre que la philosophie, ambitionne de dévoiler l’essentiel, inaperçu. Souvent, mes analysants me demandent si la psychanalyse, discipline qui effraie et dérange — puisqu’elle dévoile — est dangereuse. Cette question légitime me fait intérieurement sourire. En effet, l’analyse confronte au risque de vivre. Elle peut temporairement déstabiliser le sujet, avec de possibles répercussions dans son couple, dans sa vie sociale et professionnelle, dans sa santé mentale et physique.

Pour réussir, une psychanalyse exige de l’analyste compétence, discernement, prudence et éthique ; du consultant, elle requiert un engagement sincère. Si ces conditions ne sont pas réunies, la cure analytique est le plus souvent inopérante, voire aggravante : il y a risque de leurre et d’imposture avec la constitution possible d’un faux « moi » illusoire, un renforcement éventuel de la pathologie ou une cristallisation des résistances psychiques.
Les processus psychanalytiques sont le fondement de l’être, et le garant de sa stabilité. Ils participent à notre maintien dans la société, et augmentent la « censure » sociale afin que chacun d’entre nous reste en harmonie avec le monde extérieur. Il est alors possible d’entreprendre la démarche de consulter et d’entamer le long chemin de l’analyse personnelle — pour construire une réponse à une interrogation en apparence simple : « Quel homme veux-tu être ? ». Petite question du « psy » au lecteur….

Steve Abadie-Rosier


TABLE DES MATIÈRES

Introduction

I. Les mécanismes de défense

  • Les mécanismes pulsionnels

  • Les mécanismes d’orientation de l’objet

  • Les mécanismes de travestissement de la réalité

  • Les mécanismes d’orientation du moi

  • L’abréaction

II. Les résistances en analyse

  • La technique et la règle

  • Les aspects théoriques de la cure

  • Les résistances en analyse
    La mise en place du mécanisme de transfert
    Les sources de la résistance
    Les manifestations des résistances
    La réaction de l’analyste face aux résistances

  • La résistance au changement

  • Un exemple d’observation par Ferenczi

III. L’amour dans le transfert

  • Dans la cure psychanalytique

  • Dans la vie amoureuse quotidienne

  • Le « coup de foudre »

IV. Les voies d’allègement de l’inconscient — Le rêve, le lapsus, l’acte manqué

  • Le rêve
    La structure de la pensée du rêve
    La dynamique du rêve au prisme de la théorie freudienne
    Le rêve d’angoisse

  • Les actes manqués

  • Les lapsus

V. La somatisation

  • Les sources du concept de somatisation

  • Les origines et les conséquences de la somatisation
    Le choix de l’organe somatisé
    Les principales localisations des maladies psychosomatiques
    Soigner l’esprit pour guérir le corps

  • Les maladies psychosomatiques et la conversion hystérique

  • Le traitement des maladies psychosomatiques

Conclusion

Glossaire
Indications bibliographiques
Index des mots-clés

New from The Wallace Foundation

 

July 2009

EDUCATION

The District Leadership Challenge: Empowering Principals to Improve Teaching and Learning, a report by the Southern Regional Education Board, describes seven strategies school districts can use to support principals so they are better able to improve student learning.

ARTS

In The Qualities of Quality: Understanding Excellence in Arts Education, Harvard researchers at Project Zero explore what first-rate arts education entails and offer tools to help educators and others make smart choices about arts education in schools and communities.

OUT-OF-SCHOOL TIME

Evaluation of The Beacon Community Centers Middle School Initiative: Report on the First Year by Policy Studies Associates finds successes and some challenges in New York City’s effort to expand and improve middle school out-of-school time programming at “Beacon” community centers.

These and all Wallace knowledge products are free of charge. As always, we look forward to hearing your thoughts on our offerings: Emailalerts@wallacefoundation.org.

On behalf of The Wallace Foundation,

Lucas Held
Director of Communications


 


The Wallace Foundation
5 Penn Plaza
7th Floor
New York, New York 10001
US

Titres du jour – Contador a-t-il déjà gagné le Tour ? – Dray pourra accéder à son dossier – Nous avons tous marché sur la Lune

 

lundi 20 juillet 2009

Contador a-t-il déjà gagné le Tour de France 2009 ?

L’explication tant attendue entre Contador et Armstrong a enfin eu lieu. L’Espagnol semble le mieux armé pour la victoire finale.


Ils n’ont jamais marché sur la Lune

Depuis les années 1970, les thèses niant la réalité des expéditions lunaires prospèrent. Internet leur donne une nouvelle visibilité.

Iran : les religieux réformateurs demandent un référendum

L’Association des religieux combattants demande l’organisation d’un référendum pour résoudre la crise iranienne.

EDF veut faire payer les économies d’énergie réalisées par ses clients

Voltalis installe des boîtiers pour réduire la consommation d’électricité. Elle devrait verser une taxe aux fournisseurs.

Mouawad achève sa tétralogie un ton en dessous

Avec "Ciels", l’artiste associé du Festival clôt son cycle "Le Sang des promesses".

ET AUSSI

New Fabris : les salariés retirent les bouteilles de gaz de leur usine

Affaire Dray : le procureur accorde l’accès au dossier à toutes les parties

La "métropole", nouvel échelon au cœur de la réforme des collectivités locales

Volkswagen débourserait 8 milliards d’euros pour la totalité de Porsche AG

L’équipementier allemand Continental annonce un retour au bénéfice

La 8e édition de Paris Plages est ouverte

Mauritanie : pas d’anomalies majeures lors de la présidentielle, selon Paris

L’Islande recapitalise à hauteur de 1,5 milliard d’euros les trois principales banques du pays

Opinions

Editorial du "Monde" Cap sur la Lune

Point de vue L’esclavage oublié, Françoise Vergès et Nicole Pot

Analyse La crise de gouvernance au Parti socialiste tourne à la farce, par Michel Noblecourt

O PRAGMÁTICO, O ORANGOTANGO E O PAPAGAIO

 


Os rudimentos do intelecto ou do pensamento aparecem nos animais independentemente do desenvolvimento da linguagem, e não têm em absoluto qualquer conexão com os níveis de desenvolvimento da linguagem. Este princípio, enunciado por Kohler, beneficia particularmente a avaliação da inteligência dos nossos irmãos macacos, chimpanzés e orangotangos. Houve mesmo quem chegasse a pensar que o orangotango possuía uma espécie de "ideação superior": Yerques por exemplo. No entanto, o mais provável é que ele tenha confundido a semelhança exterior do comportamento do orangotango com o do ser humano, interpretando-a como a prova da existência de uma "ideação superior" no orangotango.
De qualquer modo, qualquer que seja a interpretação dada à enorme capacidade intelectual do orangotango, a verdade é que ele não consegue desenvolver uma linguagem que se equipare à humana. Falta-lhe a capacidade, que tem o papagaio, de imitar e, portanto, de aprender os sons da língua.
Tivesse, então, o papagaio a inteligência do orangotango, ou o orangotango a capacidade de imitação do papagaio e um e outro seriam dotados de linguagem idêntica à humana.
É claro que a linguagem não surge apenas sob formas vocais: a linguagem não está necessariamente associada a um veículo material específico. Portanto, a possibilidade que tem o orangotango de imitar os gestos, deveria permitir-lhe adquirir uma linguagem de base visual, uma qualquer língua gestual. E não adquire.
O que lhe falta, então? Precisamente a "ideação". Ao contrário do que pensa Yerques, o orangotango tem uma enorme inteligência, mas não tem nem a capacidade de imitação dos sons, nem a de ideação, e, por isso, também não contrói nem aprende signos.
Para que pudesse desenvolver uma qualquer forma de linguagem de signos, o orangotango teria de aprender a imitar sons vocais, ou desenvolver capacidades de ideação, de representação mental, na ausência ou independentemente das coisas representadas, isto é, teria de ter imaginação. E não tem nem uma nem outra.
Acontece que uma espécie animal, sucedânea do homo sapiens sapiens, junta precisamente a inteligência do orangotango às capacidades imitativas do papagaio: o homo pragmaticus. Surge, então, no nosso vastíssimo panorama bio-ecológico, uma nova espécie com capacidades intelectuais e de linguagem acima do que a nossa melhor fantasia poderia imaginar, mas sem a capacidade de ideação. Este homo pragmaticus é facilmente identificável pelas suas propostas inteligentíssimas do tipo da realpolitik. A sua inquestionável superioridade, face ao homo sapiens sapiens, tem vindo progressivamente a ser reconhecida, pelo que muitos dos seus exemplares ocupam hoje lugares importantes na hierarquia do poder.
O homo pragmaticus resulta, portanto, da combinação da imitação dos papagaios com a inteligência dos orangotangos. Destas duas espécies, herda também a configuaração orgânica e anatómica: dos papagaios, herda as asas, e dos orangotangos, o peso (dos conhecimentos e da importância).
Tendo a opção de poder caminhar ou voar, o homo prgmaticus, opta por voar. Só que as asas de papagaio, que herdou, não sustentam o peso que tem. "Pensa", assim, que voa, mas nunca sai do sítio. As aspas em "pensa" previnem o leitor relativamente à imprecisão do conceito. De facto, o pragmaticus não pensa, não tem qualquer hipótese de ideação, mas a sua enorme inteligência e o seu comportamento exterior fazem-nos pensar a nós que sim. Nisto se dinstingue de uma outra espécie sucedânea do homo sapiens sapiens: o homo annalyticus. Este, pelo contráio, segue a doutrina de Watson, segundo a qual pensamento e linguagem são a mesma coisa. Por isso, mesmo não tendo asas, nem inteligência (só pensamento, ou só linguagem, tanto faz), pensando que voa, ou dizendo que voa, voa como se não houvesse amanhã.
Qual será então o futuro do homo sapiens sapiens, perante estes competidores, seus sucedâneos? Não se sabe, verdadeiramente. Com efeito, o homo annalyticus, embora historicamente posterior ao sapiens sapiens, revela deficiências que o colocam decididamente num processo de regressão da espécie humana; já o pragmaticus é, sem qualquer margem para dúvidas, no actual estado dos nossos conhecimentos, uma evolução positiva do sapiens sapiens.
Se este enquadramento teórico tiver fundamento, o mais provável é que o homo sapiens sapiens sofra uma significativa reestruturação, transformando-se naquilo a que se chamará homo extinctus.
Extinctus, neste caso, não significa desaparecido ou morto. Pelo contrário, o extinctus será em tudo igual ao sapiens sapiens, só que surgirá como um relâmpago e desaparecerá ao som do seu trovão. Assim sendo, embora perdure sempre por pouco tempo, quanto mais distante esteja do annalyticus ou do pragmaticus, por mais tempo perdurará o seu brilho.
FAQ:
Pergunta:
O pragmático é mesmo inteligente?
R.: Com certeza. Por vezes temos a impressão de que o pragmático é completamente destituído de qualquer modalidade, ínfima que seja, de inteligência, mas isso resulta tão só do facto de aquilo que diz ou faz não ser comandado pela inteligência, e pelo facto de a inteligência não ser minimamente influenciada pela sua experiência. A sua enorme inteligência está resguardada de qualquer contaminação. Nunca a inteligência interfere nos actos ou palavras do pragmático. Ela é guardada intacta numa espécie de cofre que o pragmático exibe, sempre que alguém duvide dos seus dotes intelectuais. Exibida a inteligência, sempre dentro do cofre, imediatamente é colocada no lugar que, por inerência lhe pertence: à distância de todos os olhares, sejam eles discretos ou indiscretos.
Pergunta:
O analítico é inteligente?
R.: Esta é uma questão que, embora frequente (como indica o termo FAQ), não tem qualquer sentido, aplicada a um analítico. O analítico pensa e vocaliza, o que, para ele, é a mesma coisa. Esta é a sua característica. A inteligência seria um adorno que prejudicaria gravemente as suas competências extraordinárias no domínio do pensamento e das vocalizações.
Pergunta:
O autor deste artigo é pragmático, analítico, ou o quê?
R.: O autor deste artigo é sobretudo O Quê?. Na verdade, se fosse sapiens sapiens, como muitas das suas afirmações poderiam levar a crer, precisaria, no mínimo, de trinta mil milhões e quinhentas e vinte e três teses de doutoramento para começar a balbuciar o início de uma resposta à pergunta. Alguns autores consideram-no um homo extinctus. Neste momento, na ausência do número mínimo indispensável de teses de doutoramento sobre o assunto, não é possível responder à pergunta.
Pergunta:
O autor deste artigo é inteligente?
R.: As dúvidas, levantadas na resposta à pergunta anterior, são ainda mais vigorosas numa tentativa honesta de responder a esta pergunta. Uma coisa é certa: não é estúpido.

Publicada por Jorge Barbosa em SÍSIFO a 7/20/2009 02:30:00 PM

O PRAGMÁTICO, O ORANGOTANGO E O PAPAGAIO


Os rudimentos do intelecto ou do pensamento aparecem nos animais independentemente do desenvolvimento da linguagem, e não têm em absoluto qualquer conexão com os níveis de desenvolvimento da linguagem. Este princípio, enunciado por Kohler, beneficia particularmente a avaliação da inteligência dos nossos irmãos macacos, chimpanzés e orangotangos. Houve mesmo quem chegasse a pensar que o orangotango possuía uma espécie de “ideação superior”: Yerques por exemplo. No entanto, o mais provável é que ele tenha confundido a semelhança exterior do comportamento do orangotango com o do ser humano, interpretando-a como a prova da existência de uma “ideação superior” no orangotango.
De qualquer modo, qualquer que seja a interpretação dada à enorme capacidade intelectual do orangotango, a verdade é que ele não consegue desenvolver uma linguagem que se equipare à humana. Falta-lhe a capacidade, que tem o papagaio, de imitar e, portanto, de aprender os sons da língua.
Tivesse, então, o papagaio a inteligência do orangotango, ou o orangotango a capacidade de imitação do papagaio e um e outro seriam dotados de linguagem idêntica à humana.
É claro que a linguagem não surge apenas sob formas vocais: a linguagem não está necessariamente associada a um veículo material específico. Portanto, a possibilidade que tem o orangotango de imitar os gestos, deveria permitir-lhe adquirir uma linguagem de base visual, uma qualquer língua gestual. E não adquire.
O que lhe falta, então? Precisamente a “ideação”. Ao contrário do que pensa Yerques, o orangotango tem uma enorme inteligência, mas não tem nem a capacidade de imitação dos sons, nem a de ideação, e, por isso, também não contrói nem aprende signos.
Para que pudesse desenvolver uma qualquer forma de linguagem de signos, o orangotango teria de aprender a imitar sons vocais, ou desenvolver capacidades de ideação, de representação mental, na ausência ou independentemente das coisas representadas, isto é, teria de ter imaginação. E não tem nem uma nem outra.
Acontece que uma espécie animal, sucedânea do homo sapiens sapiens, junta precisamente a inteligência do orangotango às capacidades imitativas do papagaio: o homo pragmaticus. Surge, então, no nosso vastíssimo panorama bio-ecológico, uma nova espécie com capacidades intelectuais e de linguagem acima do que a nossa melhor fantasia poderia imaginar, mas sem a capacidade de ideação. Este homo pragmaticus é facilmente identificável pelas suas propostas inteligentíssimas do tipo da realpolitik. A sua inquestionável superioridade, face ao homo sapiens sapiens, tem vindo progressivamente a ser reconhecida, pelo que muitos dos seus exemplares ocupam hoje lugares importantes na hierarquia do poder.
O homo pragmaticus resulta, portanto, da combinação da imitação dos papagaios com a inteligência dos orangotangos. Destas duas espécies, herda também a configuaração orgânica e anatómica: dos papagaios, herda as asas, e dos orangotangos, o peso (dos conhecimentos e da importância).
Tendo a opção de poder caminhar ou voar, o homo prgmaticus, opta por voar. Só que as asas de papagaio, que herdou, não sustentam o peso que tem. “Pensa”, assim, que voa, mas nunca sai do sítio. As aspas em “pensa” previnem o leitor relativamente à imprecisão do conceito. De facto, o pragmaticus não pensa, não tem qualquer hipótese de ideação, mas a sua enorme inteligência e o seu comportamento exterior fazem-nos pensar a nós que sim. Nisto se dinstingue de uma outra espécie sucedânea do homo sapiens sapiens: o homo annalyticus. Este, pelo contráio, segue a doutrina de Watson, segundo a qual pensamento e linguagem são a mesma coisa. Por isso, mesmo não tendo asas, nem inteligência (só pensamento, ou só linguagem, tanto faz), pensando que voa, ou dizendo que voa, voa como se não houvesse amanhã.
Qual será então o futuro do homo sapiens sapiens, perante estes competidores, seus sucedâneos? Não se sabe, verdadeiramente. Com efeito, o homo annalyticus, embora historicamente posterior ao sapiens sapiens, revela deficiências que o colocam decididamente num processo de regressão da espécie humana; já o pragmaticus é, sem qualquer margem para dúvidas, no actual estado dos nossos conhecimentos, uma evolução positiva do sapiens sapiens.
Se este enquadramento teórico tiver fundamento, o mais provável é que o homo sapiens sapiens sofra uma significativa reestruturação, transformando-se naquilo a que se chamará homo extinctus.
Extinctus, neste caso, não significa desaparecido ou morto. Pelo contrário, o extinctus será em tudo igual ao sapiens sapiens, só que surgirá como um relâmpago e desaparecerá ao som do seu trovão. Assim sendo, embora perdure sempre por pouco tempo, quanto mais distante esteja do annalyticus ou do pragmaticus, por mais tempo perdurará o seu brilho.

FAQ:
Pergunta:
O pragmático é mesmo inteligente?
R.:
Com certeza. Por vezes temos a impressão de que o pragmático é completamente destituído de qualquer modalidade, ínfima que seja, de inteligência, mas isso resulta tão só do facto de aquilo que diz ou faz não ser comandado pela inteligência, e pelo facto de a inteligência não ser minimamente influenciada pela sua experiência. A sua enorme inteligência está resguardada de qualquer contaminação. Nunca a inteligência interfere nos actos ou palavras do pragmático. Ela é guardada intacta numa espécie de cofre que o pragmático exibe, sempre que alguém duvide dos seus dotes intelectuais. Exibida a inteligência, sempre dentro do cofre, imediatamente é colocada no lugar que, por inerência lhe pertence: à distância de todos os olhares, sejam eles discretos ou indiscretos.

Pergunta:
O analítico é inteligente?
R.:
Esta é uma questão que, embora frequente (como indica o termo FAQ), não tem qualquer sentido, aplicada a um analítico. O analítico pensa e vocaliza, o que, para ele, é a mesma coisa. Esta é a sua característica. A inteligência seria um adorno que prejudicaria gravemente as suas competências extraordinárias no domínio do pensamento e das vocalizações.

Pergunta:
O autor deste artigo é pragmático, analítico, ou o quê?

R.: O autor deste artigo é sobretudo O Quê?. Na verdade, se fosse sapiens sapiens, como muitas das suas afirmações poderiam levar a crer, precisaria, no mínimo, de trinta mil milhões e quinhentas e vinte e três teses de doutoramento para começar a balbuciar o início de uma resposta à pergunta. Alguns autores consideram-no um homo extinctus. Neste momento, na ausência do número mínimo indispensável de teses de doutoramento sobre o assunto, não é possível responder à pergunta.

Pergunta:
O autor deste artigo é inteligente?
R.: As dúvidas, levantadas na resposta à pergunta anterior, são ainda mais vigorosas numa tentativa honesta de responder a esta pergunta. Uma coisa é certa: não é estúpido.